Reduzir as emissões na produção do leite e da carne

A produção de leite consiste em uma das principais fontes de emissão de gases de efeito estufa da agricultura. Mas medidas para diminuir as emissões devem adotar uma abordagem integrada, aponta estudo de pesquisadores holandeses. Estratégias de mitigação devem incluir sistemas de produção de leite e sistemas de produção de carne.

O rebanho de gado responde por 14,5% das emissões totais de gases de efeito estufa, diz o estudo. Desse total, aproximadamente 65% vem da produção de carne e leite. Em geral, a intensidade de emissão é maior para a produção da carne do que do leite, podendo variar significativamente conforme o método de produtivo.

Quanto ao sistemas de produção de leite, diversas pesquisas analisaram opções para diminuir as emissões. Em linhas gerais, elas incluem a redução de requisitos de manutenção e gravidez por quilo de leite. As medidas estão direcionadas ao aumento de produtividade, de modo a gerar a mesma quantidade de leito a partir de menos vacas. Também consideram uma menor taxa de substituição das vacas, menor quantidade de bezerros e perda de peso corporal.

Em escala global,  os sistemas de produção de leite também respondem por uma parte significativa do mercado de carne bovina. Isso se dá através da produção de carne de bezerros excedentes e pelo abate de animais adultos . Segundo o estudo, estimou-se que em 2013 o sistema de leite respondia por 45% da produção mundial de carne.

Os pesquisadores ressaltam que avaliações da mitigação de emissões dos sistemas de produção leiteira usualmente ignoram possíveis impactos sobre o mercado de carne bovina. Uma redução da oferta de carne pelos sistemas leiteiros tenderia a ser compensada pelo aumento da produção de sistemas de gado de corte. A consequência seria um aumento das emissões.

O estudo buscou avaliar quatro medidas comuns de mitigação indicadas para a produção de leite, levando em consideração possíveis efeitos na quantidade de carne produzida em rebanhos de corte. Foi utilizado um modelo do ciclo de vida da produção. O setor agropecuário da Holanda foi adotado para um estudo de caso.

Todas as ações de mitigação - aumento da produção de leite por vaca por ano, aumento da vida produtiva das vacas leiteiras, aumento do intervalo de partos e mudança da espécie produtora - trouxe uma diminuição das emissões por unidade de leite e carne bovina produzida.

Todavia, esses ganhos se mostraram pouco efetivos. As ações faziam com que a quantidade de carne produzida pelos sistemas de leite caísse. Quando o modelo compensava a redução pelo aumento da produção de carne de sistemas de gado de corte, quantidades similares ou maiores de gases de efeito estufa eram emitidas para os mesmos volumes de leite e de carne.

A partir dos resultados, o estudo sugere que sistemas de produção integrada de leite e de carne podem ser mais vantajosos do que sistemas especializados. As políticas de mitigação devem abordar o setor de forma holística, evitando que ganhos em um tipo de produção sejam compensados em outro.

Mais informações: Effectiveness of climate change mitigation options considering the amount of meat produced in dairy systems
Imagem: Unsplash/ Ricardo Gomez Angel

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