Desde a Revolução Industrial, a emissão de gases de efeito estufa pelas atividades humanas vem alterando as concentrações atmosféricas. A história das emissões de dióxido de carbono - CO2 -, principal gás de efeito estufa, pode ser resumida em 5 gráficos.
O resultado do aumento da concentração dos gases é a intensificação do efeito estufa e, com isso, o aquecimento global.
Os 5 gráficos apresentados aqui contam um pouco dessa história. Eles foram elaborados pelo site 'Dados do nosso mundo' - Our World in Data, em inglês. O site é uma colaboração entre a Universidade de Oxford, no Reino Unido, e uma organização sem fins lucrativos.
Cobrindo o período entre 1751, quando se desenvolve a Revolução Industrial, e o ano de 2016, os gráficos mostram os dados da quantidade de dióxido de carbono - CO2 -, o principal gás de efeito estufa, emitida por diferentes países e pela União Européia.
Os gráficos apresentam as emissões cumulativas - a soma de tudo o que já foi emitido por um país -, as emissões anuais e as emissões per capita. Ao avaliar o conjunto, pode-se identificar um padrão: a industrialização e o crescimento estão associados à quantidade de emissões.
1. Gráfico de emissões cumulativas
O gráfico das emissões cumulativas dos países e da União Européia está no alto desta página. Ele traz a estimativa do volume de CO2 emitido por cada país desde a Revolução Industrial.O precursor das emissões de CO2 foi o Reino Unido, onde a Revolução Industrial teve início. A União Européia (incluindo todos os países do bloco, como o próprio Reino Unido e a Alemanha) consistiu no principal centro de emissões até meados do século 20.
Por volta de 1900, os Estados Unidos havia emergido como outro grande emissor de CO2. Ao longo do século 20, suas emissões cumulativas se aceleram, e o país ultrapassa a União Européia após 1950.
Outras regiões do mundo, como a América Latina, a Ásia e a África, passaram a contribuir com volumes maiores de CO2 bem mais tarde, entre o final do século 20 e o início deste século.
No presente, o país com o maior volume de emissões cumulativas de CO2 são os Estados Unidos, com quase 395 bilhões de toneladas. Em segundo lugar vem a União Européia, com quase 331 bilhões de toneladas. O terceiro maior é a China, com cerca de 195 bilhões de toneladas, devido a um forte aumento nas últimas décadas.
No quadro geral dos grandes emissores, o Brasil fica bem abaixo dos demais países. Com aproximadamente 14 bilhões de toneladas entre 1751 e 2016, o país acumulou emissões de CO2 menores do que as da Índia, por exemplo, ou do Japão e da Rússia.
2. Gráfico de participação nas emissões cumulativas
Uma outra forma de apresentar as emissões cumulativas de CO2 é como participação do total global. Assim, fica mais fácil acompanhar as tendências ao longo do tempo.
Verifica-se que durante a maior parte do século 19 e até meados do século 20, a União Européia (no qual se inclui o Reino Unido) liderou a participação no total global das emissões cumulativas de CO2. Respondeu por praticamente 100% das emissões cumulativas ao longo do século 18 e até a metade do século 19, quando sua participação entrou em declínio.
A participação dos Estados Unidos cresceu a partir do século 19, atingindo o pico em torno de 1950, quando alcançou 40% do total. Desde então, passou a acompanhar a queda registrada na União Européia, mas de forma um pouco mais gradual.
As participações da Rússia e da China nas emissões cumulativas totais subiu a partir da segunda metade do século 20. Enquanto que a tendência da Rússia se estabilizou por volta do final do século, na China ocorreu uma aceleração.
Somados, Estados Unidos e União Européia respondiam por cerca de 48% das emissões cumulativas de CO2 globais em 2016. Em função do rápido crescimento, a China correspondia a quase 13% do total. As emissões cumulativas do Brasil equivaliam a aproximadamente 1%.
3. Gráfico de emissões anuais
Em vez de analisar os volumes acumulados de emissão de CO2, o gráfico acima retrata a quantidade anual de emissões de CO2 de cada país e da União Européia.
Porque experimentaram o processo de industrialização em seu estágio inicial, a União Européia e os Estados Unidos tiveram taxas elevadas de emissões anuais mais cedo do que outras regiões. No entanto, a tendência de crescimento atingiu um pico entre meados do século 20 e início do presente século.
Nas últimas décadas, Estados Unidos e União Européia experimentaram um período de queda das taxas anuais de emissões.
As emissões anuais de Rússia e do Japão subiram durante o século 20, em especial a partir de meados do século. Mas se estabilizaram nas últimas décadas.
A tendência mais marcante retratada pelo gráfico é o abrupto crescimento das emissões anuais de economias emergentes. Da China em primeiro lugar, com uma explosão de suas emissões anuais de CO2 a partir da segunda metade do século 20.
Reproduzindo em menor escala o fenômeno chinês, a Índia também apresentou uma elevação acentuada das emissões anuais de CO2.
Como resultado, a China consiste atualmente no país com as maiores emissões anuais, seguida pelos Estados Unidos, a União Européia e a Índia. O Brasil também mostra um nível crescente de emissões, encontrando-se hoje na frente de países como o Reino Unido, o Canadá e o México.
4. Gráfico de participação nas emissões anuais
Avaliando a participação de cada país nas emissões anuais totais de CO2, fica claro o domínio dos Estados Unidos e de países europeus ao longo de quase todo o período (a União Européia não foi incluída nesse gráfico).
Se de um lado Estados Unidos e o conjunto de países europeus apresentaram uma queda na participação total, a tendência foi contrabalançada pela China e Índia.
5. Gráfico de emissões per capita
As emissões de CO2 per capita busca explorar a quantidade de emissões por pessoa, de acordo com a população de cada país ou região. Esse indicador fornece um panorama da intensidade do consumo de carbono em cada economia nacional.
Permite também subsidiar a discussão a respeito das emissões do ponto de vista da equidade.
Fica claro que os países de maior renda, particularmente os Estados Unidos, o Japão e a Europa, tem historicamente apresentado as maiores emissões per capita. Destaque também para a Rússia, o segundo maior colocado.
Pode-se afirmar que o estilo de vida desses países esteve atrelado à altos valores per capita de emissão de CO2.
Mesmo experimentando um salto em suas emissões per capita, o nível da China não chega a ultrapassar aquele registrado na Europa. Isso se deve ao fato de que a China possui a maior população mundial.
O indicador também mostra que o crescimento da Índia pode ser comparado ao do Brasil. Com uma população bem maior do que a brasileira, a intensidade de consumo de carbono na Índia ainda é relativamente baixa.
O gráfico também aponta para a divisão entre os hemisférios norte e sul em termos de emissões per capita. No primeiro, as emissões usualmente estão acima de 5 toneladas por pessoa. No sul do planeta, incluindo a maioria das nações da África Subsaariana, a América do Sul e o sul da Ásia, o valor fica em geral abaixo de 5 toneladas por pessoa.
O Brasil, por exemplo, somava em 2016 emissões per capita anuais de 2,35 toneladas por pessoa.
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