O aumento da temperatura causado pelo aquecimento global poderá alterar o estoque de carbono dos solos tropicais. O efeito elevaria a emissões adicionais de dióxido de carbono - CO2 -, principal gás de efeito estufa, pelos solos, alertou estudo de um time internacional de pesquisadores.
As florestas tropicais constituem os ecossistemas terrestres mais ricos em carbono. Estima-se que elas abrigam entre 25% e 40% de todo o estoque de carbono terrestre mundial, na forma de biomassa da vegetação e nos solos.
De acordo com o estudo, a expectativa é de que, à medida que avance o aquecimento global, a quantidade de carbono presente nos solos tropicais diminua. Isso ocorreria porque o calor estimularia a decomposição de matéria orgânica por microrganismos do solo.
Assim, haveria liberação do carbono dos solos tropicais para a atmosfera, o que, somado às emissões originadas das atividades humanas, faria crescer ainda mais as concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa. O resultado seria uma aceleração do aquecimento global.
Apesar da importância dos solos tropicais para o ciclo de carbono, existiam poucos dados empíricos a respeito da fisiologia microbiana - como esses organismos responderiam a temperaturas mais altas. Projetar os efeitos do aquecimento nos solos e seus microrganismos apresentava, portanto, limitações.
Para investigar essa questão, os pesquisadores elaboraram um experimento peculiar. Ele coletaram amostras de solos de floresta tropical em quatro locais de relevo acidentado do Peru. As amostram foram então translocadas para pontos de maior ou menor altitude, respectivamente mais frios ou quentes.
A variação de altitude entre as amostras de solo somou 3.000 metros, equivalendo a uma diferença na temperatura média local de até cerca de 15ºC. Dessa forma, para o mesmo tipo de solo, os pesquisadores puderam analisar a influência de diferentes temperaturas na fisiologia dos microrganismos. Ao longo de vários anos, mediram a quantidade de carbono de cada amostra.
O estudo confirmou que temperaturas mais altas levavam à maior liberação de carbono pelos solos em função da atividade microbiana. Para cada aumento da temperatura de 1ºC, a queda na quantidade de carbono do solo das amostras foi de 4% em 5 anos.
A perda total de carbono das amostras dependeu da quantidade originalmente presente e suas características químicas. Mas a temperatura levou a modificações na fisiologia dos microrganismos e na comunidade microbiana, intensificando a liberação de carbono. Entre as modificações, verificou-se a melhoria no uso de carbono pelos micróbios e maior atividade enzimática.
O estoque de carbono dos solos tropicais pode cair significativamente, apontou o estudo, caso se confirmem cenários futuros de aquecimento global. Representaria uma grande transferência de carbono dos ecossistemas terrestres para a atmosfera, levando a mais aquecimento.
Fonte: Instituto de Pesquisa Tropical Smithsonian
Mais informações: Nottingham, A.T., et. al. 2019. Microbial responses to warming enhance soil carbon loss following translocation across a tropical forest elevation gradient. Ecology Letters.
Imagem: Unsplash/ Juli Artana
As florestas tropicais constituem os ecossistemas terrestres mais ricos em carbono. Estima-se que elas abrigam entre 25% e 40% de todo o estoque de carbono terrestre mundial, na forma de biomassa da vegetação e nos solos.
De acordo com o estudo, a expectativa é de que, à medida que avance o aquecimento global, a quantidade de carbono presente nos solos tropicais diminua. Isso ocorreria porque o calor estimularia a decomposição de matéria orgânica por microrganismos do solo.
Assim, haveria liberação do carbono dos solos tropicais para a atmosfera, o que, somado às emissões originadas das atividades humanas, faria crescer ainda mais as concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa. O resultado seria uma aceleração do aquecimento global.
Apesar da importância dos solos tropicais para o ciclo de carbono, existiam poucos dados empíricos a respeito da fisiologia microbiana - como esses organismos responderiam a temperaturas mais altas. Projetar os efeitos do aquecimento nos solos e seus microrganismos apresentava, portanto, limitações.
Para investigar essa questão, os pesquisadores elaboraram um experimento peculiar. Ele coletaram amostras de solos de floresta tropical em quatro locais de relevo acidentado do Peru. As amostram foram então translocadas para pontos de maior ou menor altitude, respectivamente mais frios ou quentes.
A variação de altitude entre as amostras de solo somou 3.000 metros, equivalendo a uma diferença na temperatura média local de até cerca de 15ºC. Dessa forma, para o mesmo tipo de solo, os pesquisadores puderam analisar a influência de diferentes temperaturas na fisiologia dos microrganismos. Ao longo de vários anos, mediram a quantidade de carbono de cada amostra.
O estudo confirmou que temperaturas mais altas levavam à maior liberação de carbono pelos solos em função da atividade microbiana. Para cada aumento da temperatura de 1ºC, a queda na quantidade de carbono do solo das amostras foi de 4% em 5 anos.
A perda total de carbono das amostras dependeu da quantidade originalmente presente e suas características químicas. Mas a temperatura levou a modificações na fisiologia dos microrganismos e na comunidade microbiana, intensificando a liberação de carbono. Entre as modificações, verificou-se a melhoria no uso de carbono pelos micróbios e maior atividade enzimática.
O estoque de carbono dos solos tropicais pode cair significativamente, apontou o estudo, caso se confirmem cenários futuros de aquecimento global. Representaria uma grande transferência de carbono dos ecossistemas terrestres para a atmosfera, levando a mais aquecimento.
Fonte: Instituto de Pesquisa Tropical Smithsonian
Mais informações: Nottingham, A.T., et. al. 2019. Microbial responses to warming enhance soil carbon loss following translocation across a tropical forest elevation gradient. Ecology Letters.
Imagem: Unsplash/ Juli Artana
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