Um dos efeitos do aquecimento global se faz sentir sobre a qualidade nutricional dos alimentos. Estudo de pesquisadores de universidades do Canadá alertou que poderá diminuir a quantidade de um tipo de ácido graxo ômega-3 encontrado em peixes.
Denominado como ácido docosahexaenóico - DHA -, esse tipo de ácido graxo constitui um elemento fundamental na composição das membranas das células, além de desempenhar um papel central na função cerebral dos vertebrados.
Segundo o estudo, os mamíferos apresentam capacidade limitada de sintetizar os DHA. Ele deve ser obtido por meio da alimentação. E, no caso dos seres humanos, a principal fonte de DHA é a ingestão de peixes.
Por sua vez, os peixes apresentam também uma pequena habilidade de sintetizar o DHA. Eles obtém o ácido graxo através do consumo de algas, que produzem o ácido para compor as membranas de suas células.
Mas a concentração do DHA nas algas sofre a influência da temperatura. As algas possuem a habilidade de se adaptar às mudanças da temperatura, alterando as proporções de ácidos graxos saturados e insaturados nas células a fim de manter a fluidez das membranas.
O aumento da temperatura leva ao declínio de DHA - um ácido graxo insaturado - nas membranas celulares. Dessa forma, a quantidade total de DHA presente nas algas diminui, afetando a ingestão dessa substância pelos peixes.
O estudo investigou como o aquecimento global afetaria a disponibilidade de DHA. Para tanto, os pesquisadores criaram um modelo para projetar a quantidade de DHA presente em peixes marinhos em cenários futuros - de baixas a altas emissões de gases de efeito estufa - até 2100.
Estimou-se que, no presente, a pesca e a aquacultura sejam responsáveis pela oferta de 0,3 milhões de toneladas de DHA anualmente. No cenário de baixas emissões de gases de efeito estufa, o estudo indicou que o aumento das temperaturas das águas provocaria uma perda de 10% na disponibilidade de DHA globalmente até 2100.
O cenário de maiores emissões de gases de efeito estufa experimentou uma queda de 58% no DHA global presente em peixes capturados pela pesca e da aquacultura. Em ambos os casos, a escassez de ingestão de DHA pelas populações humanas subiria em todo o mundo, mas a intensidade da escassez seria maior em países de baixa renda.
Os pesquisadores concluíram que o aquecimento global poderá reduzir a produção de ácidos graxos ômega-3 essenciais pelas algas. Em consequência, haveria menor transferência de ômega-3 para peixes e deles para seres humanos.
Os estoques globais desse nutriente cairiam. No pior cenário, cerca de 96% da população mundial não teria acesso a quantidades suficientes de DHA.
Mais informações: Colombo, S. M., Rodgers, T. F., Diamond, M. L., Bazinet, R. P., & Arts, M. T. (2019). Projected declines in global DHA availability for human consumption as a result of global warming. Ambio, 1-16.
Imagem: figura 1 do estudo - mapa da estimativa da quantidade de ômega-3 DHA de peixes e disponível para consumo humano por região
Denominado como ácido docosahexaenóico - DHA -, esse tipo de ácido graxo constitui um elemento fundamental na composição das membranas das células, além de desempenhar um papel central na função cerebral dos vertebrados.
Segundo o estudo, os mamíferos apresentam capacidade limitada de sintetizar os DHA. Ele deve ser obtido por meio da alimentação. E, no caso dos seres humanos, a principal fonte de DHA é a ingestão de peixes.
Por sua vez, os peixes apresentam também uma pequena habilidade de sintetizar o DHA. Eles obtém o ácido graxo através do consumo de algas, que produzem o ácido para compor as membranas de suas células.
Mas a concentração do DHA nas algas sofre a influência da temperatura. As algas possuem a habilidade de se adaptar às mudanças da temperatura, alterando as proporções de ácidos graxos saturados e insaturados nas células a fim de manter a fluidez das membranas.
O aumento da temperatura leva ao declínio de DHA - um ácido graxo insaturado - nas membranas celulares. Dessa forma, a quantidade total de DHA presente nas algas diminui, afetando a ingestão dessa substância pelos peixes.
O estudo investigou como o aquecimento global afetaria a disponibilidade de DHA. Para tanto, os pesquisadores criaram um modelo para projetar a quantidade de DHA presente em peixes marinhos em cenários futuros - de baixas a altas emissões de gases de efeito estufa - até 2100.
Estimou-se que, no presente, a pesca e a aquacultura sejam responsáveis pela oferta de 0,3 milhões de toneladas de DHA anualmente. No cenário de baixas emissões de gases de efeito estufa, o estudo indicou que o aumento das temperaturas das águas provocaria uma perda de 10% na disponibilidade de DHA globalmente até 2100.
O cenário de maiores emissões de gases de efeito estufa experimentou uma queda de 58% no DHA global presente em peixes capturados pela pesca e da aquacultura. Em ambos os casos, a escassez de ingestão de DHA pelas populações humanas subiria em todo o mundo, mas a intensidade da escassez seria maior em países de baixa renda.
Os pesquisadores concluíram que o aquecimento global poderá reduzir a produção de ácidos graxos ômega-3 essenciais pelas algas. Em consequência, haveria menor transferência de ômega-3 para peixes e deles para seres humanos.
Os estoques globais desse nutriente cairiam. No pior cenário, cerca de 96% da população mundial não teria acesso a quantidades suficientes de DHA.
Mais informações: Colombo, S. M., Rodgers, T. F., Diamond, M. L., Bazinet, R. P., & Arts, M. T. (2019). Projected declines in global DHA availability for human consumption as a result of global warming. Ambio, 1-16.
Imagem: figura 1 do estudo - mapa da estimativa da quantidade de ômega-3 DHA de peixes e disponível para consumo humano por região
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