Secas extremas mais frequentes afetarão as plantas

Imagem de região afetada por secas, cuja frequência aumentará devido ao aquecimento global
As secas extremas irão se tornar mais comuns e triplicar o impacto sobre as plantas e a produção de alimentos, relatou estudo de um grupo de cientistas de universidades da China, Estados Unidos e França.

O estudo investigou como o aquecimento global e as mudanças climáticas irão afetar no futuro próximo a produção primária vegetal terrestre. Esse indicador avalia a formação de matéria orgânica - raízes, troncos e folhas, por exemplo - pelas plantas por meio da fotossíntese.

A produção primária vegetal é importante porque está associada à absorção de dióxido de carbono - CO2 - da atmosfera pelas plantas. Se a produção primária sobe, significa que a vegetação está utilizando mais CO2 na fotossíntese para a formação de biomassa. Acontece o contrário se ela diminui.

Em função das emissões humanas, as concentrações atmosféricas do CO2 estão crescendo. As produção primária vegetal aumenta devido ao efeito fertilizador do CO2. Mas as secas podem igualmente afetar a produção primária vegetal, causando impactos na fisiologia das plantas ou levando a condições de estresse térmico ou de escassez de água nos solos.

De fato, a seca consiste atualmente no principal impacto direto negativo sobre a produção primária das plantas. E as secas favorecem a ocorrência de impactos indiretos sobre a vegetação terrestre. Por exemplo, elas podem facilitar a frequência e a intensidade de incêndios ou surtos de insetos.

Os impactos diretos e indiretos das secas prejudicam a produção primária e levam à emissões de CO2 pela vegetação. Dessa forma, o papel dos ecossistemas terrestres em sequestrar o carbono da atmosfera dependerá do comportamento futuro das secas.

Para investigar essa questão, os cientistas analisaram as projeções realizadas por 13 modelos do sistema climático. As simulações consideraram diferentes cenários futuros de emissões de gases de efeito estufa.

Eles identificaram que as projeções apontam para um impacto cada vez maior de eventos de secas extremas ao longo deste século. O período entre 2075 e 2099 experimentaria uma frequência de secas extremas quase 4 vezes maior do que o observado no período entre 1850 e 1999, em um cenário de altas emissões de gases de efeito estufa.

Em um cenário de médias emissões, a frequência dos eventos extremos subiria cerca de 3 vezes. Os impactos negativos sobre a produção primária vegetal terrestre seriam bastante significativos. As regiões mais afetadas incluiriam a Amazônia, a África do Sul, a Austrália, o Mediterrâneo e o sudoeste dos Estados Unidos.

Por outro lado, os impactos de secas leves e moderadas não subiriam significativamente. Os resultados mostraram as incertezas existentes a respeito do papel futuro dos ecossistemas terrestres no ciclo do carbono.

Com a continuidade do aquecimento global, há um alto risco de secas extremas afetaram o sequestro de carbono pela vegetação.

No entanto, as perdas causadas pelos eventos extremos talvez sejam minimizados por um aumento da produtividade primária em função da melhoria das condições ambientais.

Fonte: Laboratório Nacional Los Alamos
Mais informações: Xu, C., McDowell, N.G., Fisher, R.A. et al. Increasing impacts of extreme droughts on vegetation productivity under climate change. Nat. Clim. Chang. 9, 948–953 (2019)
Imagem: Freeimages

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